Abstract
O romance de Adolfo Caminha de 1895, Bom Crioulo, a história de uma relação amorosa entre um ex-escravo negro e um grumete branco de quinze anos, foi descrito por alguns críticos como um estudo de caso das teorias de degeneração, e por outros como um texto fundador da literatura gay brasileira. Este artigo pretende ler o romance como um crioulo de empréstimos culturais europeus, os quais são subvertidos e adap-tados para o contexto brasileiro para criar uma versão “naturalizada” do naturalismo na aurora da Primeira República. A série de subversões culturais fortalece o papel do meio ambiente perante a natureza, permitindo que trabalhe contra esta última, e atenuando, desta forma, o discurso das teorias de degeneração que faziam previsões desastrosas para o futuro do Brasil, fazendo eco da obra mais tardia do sociólogo Sílvio Romero. Entretanto, o artigo procura explicar as supostas contradições no romance que parecem ter provocado reações críticas tão diversas.
Original language | Portuguese |
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Journal | Portuguese Literary & Cultural Studies |
Issue number | 29 |
Publication status | Published - 2 Aug 2017 |